sábado, 15 de dezembro de 2007

Arte Contemporânea

A contemporaneidade na arte pode ser demarcada pela produção datada depois da 2ª Guerra Mundial. É caracterizada por apresentar uma ampla disposição para a experimentação, levando os artistas a realizarem uma fusão de linguagens, materiais e tecnologias.
A supremacia do sistema capitalista e o advento de novas tecnologias como a informática que possibilita meios modernos de informação e comunicação global, propiciou o surgimento de uma forma peculiar de arte que segue da era industrial para a era da informação.
A Arte Contemporânea é fruto desse momento.
O termo contemporâneo vem do latim contemporaneu, identificando o que é do mesmo tempo, que vive na mesma época (particularmente a época em que vivemos), como identifica o dicionário Aurélio.
Temos, portanto, uma arte que instiga no público uma resposta imediata, rejeitando a universalidade e a ordem definitiva da estética moderna e estabelecendo uma variação de estilos. Faz desaparecer as fronteiras entre o popular e o erudito, recria e cita imagens do passado e apropria-se da cultura de massas.
Ostenta um universo rico em tendências, fértil em idéias e criatividade, utilizando materiais não convencionais, recursos multimídias e soluções estéticas que denunciam uma franca disposição para a experimentação. Ferir os pressupostos é uma das intenções da Arte Contemporânea. Ela direciona a um objeto, um conceito, uma intenção, uma finalidade que acentua, num contexto atual, temas que mobilizam a sociedade, como as crises sociais, o conhecimento, o consumismo e a revolução tecnológica.
Os artistas contemporâneos, como em toda a história, mostram através de sua arte o pensamento de determinada época, a sociedade em que estão vivendo, as questões políticas, religiosas, econômicas e sociais que os envolvem. Distanciam-se do Modernismo e seus conceitos de negação ao que é antigo.
"[...] a modernidade compreende a autoconsciência histórica e estética do presente, afastando-se de qualquer outra referência de passado. O moderno livra-se do fardo pesado do passado para poder se estabelecer como modernidade". (RODRIGUES, 2000, p.34).
Recebe inúmeras denominações, entre elas “Pós-Modernismo”. Todavia, esse termo é evitado por muitos autores contemporâneos. Para James Gardner (1996 p.87):
"Muitos artistas e críticos dirão que este é um rótulo impreciso para formas diversas de expressão artística, uma crua aproximação daquilo que realmente está acontecendo. Mas, uma vez que precisamos usar palavras e ainda não apareceu ninguém com uma palavra melhor, Pós-Modernismo [é usado] para denotar a arte que sucede o Modernismo e que geralmente o ataca".
A ideia do termo surgiu pela primeira vez, como característica estética, na década de 30 na Espanha pelo escritor e crítico literário Federico de Onís como postmodernismo. Onís
Usou para descrever um refluxo conservador dentro do próprio modernismo: a busca do refúgio contra seu formidável desafio lírico num perfeccionismo do detalhe e do humor irônico (ANDERSON, 1999, p.09).
Requisitando uma nova forma de representação dos problemas atuais, a Arte Contemporânea é norteada, principalmente, por questões que afetam a todos diretamente, seja na rua, nos conceitos, nas relações pessoais, na mídia e na própria arte. Traz à tona um momento de integração das linguagens artísticas, combinando instalações, performances, imagens, textos e tecnologias.
Essa integração, em uma só obra, é fruto das relações sociais que, cada vez mais interligadas pelo fenômeno da globalização, promovem uma expansão de conceitos determinantes em diferentes culturas. O que resulta numa miscelânea de gostos e costumes apreciados em grandes mostras internacionais de arte como as bienais de Veneza e a Documenta de Kassel, que se cristalizam como as mostras coletivas mais importantes do mundo.

RECORTE HISTÓRICO DOS ESTILOS CONTEMPORÂNEOS
A modernidade caracterizou-se por produzir diferentes estilos concomitantes e variadas correntes, numa demonstração de diversidades de gostos e, já de certa forma, numa busca pela originalidade, estilo próprio e pelo uso da criatividade na estética. O “Pós-Modernismo” possui correntes artísticas que diferem entre si, mas que reagem à liberdade da técnica disseminada pela pintura de ação modernista.

HARD EDGE

















Karl Benjamin, "Orange, Red

Aos poucos o Action Painting é abandonado. Inaugurando um período, surge o Hard Edge Painting (pintura com contorno marcado) em Nova York, adotando o rigor do controle da técnica em função da liberdade sugerida pelo Expressionismo Abstrato. “A pintura Hard Edge usa formas simples e contornos rígidos. Os quadros são precisos e frios, como se feitos à máquina” (STRIKLAND, 2002, p.170). Foi neste estilo de arte que os artistas passaram a usar telas em que seus formatos de triângulos, círculos e outras formas irregulares passaram a tornar-se parte da composição.

ARTE POP







Obras de Andy Warhol

Os anos 50 e 60 dão continuidade à história da arte com a Arte Pop e o resgate do figurativismo. Ela tem como características a impactante captação de imagens de produtos da mídia e da industria, uma forma de crítica ou, por que não, exaltação à sociedade de consumo. Ela “elevou a ícones os mais crassos objetos de consumo, como hamburgueres, louça sanitária, cortadores de grama, estojos de batom, pilhas de espaguete e celebridades como Elvis Presley” (STRICKLAND, 2002, p. 174).
Os trabalhos confeccionados possuíam grandes dimensões e revelavam, de forma bem humorada, imagens de quadrinhos e de objetos do cotidiano, como fez Andy Warhol em suas obras retratando latas de sopa Campbell e a atriz Marilyn Monroe, caracterizando o consumo das massas.
Warhol foi um mestre em autopromoção e abusou da irreverência. Sua obra é realmente centrada em torno da mercantilização, e as grandes imagens de outdoors da garrafa de Coca-Cola ou da lata de sopa Campbell, que explicitamente enfatizam o fetichismo das mercadorias, remete Jameson (1997, p. 35).
*Ver também o site: http://camaleaopop.com.br/site/sobre-pop-art/

ARTE OP













Emulsion on Hardboard, obra criada em 1962, pela pintora inglesa Bridget Riley


O termo optical alude à capacidade de exploração do olho perante determinadas obras pictóricas ou escultóricas. A Arte Op surgida na década de 50, procurava acentuar certos efeitos ópticos de natureza instável através de movimentos aparentes, imagens ambíguas e ilusões espaciais. Produz um jogo de efeitos entre cores, tons ou formas o que causa a sensação de movimento. “O que é novo na Op Art é que ela estende a ilusão de óptica até a arte não figurativa e a faz funcionar de todas as formas concebíveis”, remete JANSON (1996 p. 393).

MINIMALISMO






Untitled lithograph: obra minimalista do artista plástico Sol LeWitt

Momento em que a arte se mostra despretensiosa e básica, afastando-se de sua função ideológica de representação, de marcas pessoais ou mensagem. Os artistas procuravam imediatismo, criando obras que ganharam notoriedade por sua simplicidade de apresentação com formas mínimas que deram corpo ao movimento minimalista na década de 60. Sua produção artística constituía telas monocromáticas e esculturas formadas por objetos pré-fabricados, como caixas de metal e até mesmo tijolos. Nele os objetos assumem posições sequenciais.
Na visão pessimista de GARDNER (1996, p. 97), esse tipo de arte viria a ser o prenúncio do “fim da História da Arte”, como se tudo já houvesse sido feito, ledo engano!

ARTE CONCEITUAL

















A fonte, Marcel Duchamp

Movimento artístico que, em toda história da arte, aboliu a pintura em sua tipologia de composição, adotando o termo objeto como designação de alguns tipos de trabalho e considerando a idéia, o conceito, por trás da confecção de uma obra artística. Quem deu nome ao movimento foi o artista Sol Le Witt, para ele “a própria idéia, mesmo se não é tornada visual é uma obra de arte, tanto quanto qualquer produto” (STRICKLAND, 2002, P. 178). Com o artista moderno Marcel Duchamp podem ser percebidos os primeiros indícios da sobrevalorização do conceito. Na Arte Conceitual o artista utiliza a arte como veículo de comunicação, pois ela exige a participação mental do espectador.
A Arte Conceitual ainda possui como sub movimentos a Arte Processo que parte do preceito de concepção da obra como idéia; a Arte Ambiental que é exposta ao ar livre, aproveitando o ambiente externo, das ruas e a natureza; a Arte Performática que deriva dos Happennings (surgidos na década de 60 com as apresentações públicas de Alan Kaprow), sugerindo um tipo de arte onde o artista utiliza o corpo como uma expressão cênica e as instalações como formas de representação em montagens utilizando objetos retirados de seu contexto usual para outro, que ressurge com uma nova significação partindo de uma idéia do artista. As instalações proporcionam ao fruidor, a possibilidade de poder entrar na obra, fazer parte dela.
*Veja ainda no site: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3187/arte-conceitual

ARTE POVERA

















Pino Pascali, Trappola (1968)

Nos anos 70 surgiu na Itália a arte Povera. Significando Arte Pobre, sofreu influência da arte Conceitual e promoveu uma reação ao Minimalismo.
O objetivo da Arte Povera era desafiar os padrões da arte vigente criando imagens coerentes, mas fora da relação convencional de objetos e substâncias, como um verdadeiro desafio à ordem estabelecida. Como muitos movimentos, absorvia temas de cunho político como a oposição mundial à guerra do Vietnã.
Um tipo de arte com a intenção de interagir com o público através de instalações, esculturas e montagens com fotos, pintura e outros materiais não convencionais como terra, madeira, pedaços de árvore, ferramentas agrícolas, terra, metal, feltro, espelhos e trapos.

FOTORREALISMO










Steve Mills












Ralph's Diner (1982). Óleo sobre tela. Pintura de Ralph Goings


Proporcionando um revival do Realismo, o Fotorrealismo, também conhecido como Hiper-realismo, mostra uma forma de retratar a realidade em uma fidelidade fotográfica. Porém, o que difere este movimento da década de 60 dos estilos tradicionais, dentro da história da arte, é que além dos artistas utilizarem aparelhos tecnológicos como projeção de slides e o airbrush.
Resultam deste trabalho, pinturas que se confundem com fotografias e esculturas que se confundem com pessoas. A arte fotorrealista, além da realidade, também exprime em suas obras simbologias e expressividade, utilizando a técnica clássica de perspectiva e desenho e a preocupação minuciosa com detalhes, cores, formas e textura. Utiliza-se de cores luminosas e pequenas figuras incidentais, para pintar de maneira irônica e bonita o mundo ao nosso redor.
O Hiper-Realismo abriu espaço para o estilo neofigurativo. O australiano Ron Muek é um expoente com suas esculturas que reproduzem detalhes fiéis da figura humana em proporções mínimas ou gigantescas.



NEOFIGURAÇÃO






Lago dos cisnes, Vero Ruiz


Movimento dos anos 70 e 80 que se baseia em seus principais preceitos, como o figurativismo e a expressividade. Um retorno do figurativismo por uma perspectiva diferente. Na pintura do alemão Anselm Kiefer, por exemplo, paisagens e pessoas aparecem num mundo expressionista de angústia e solidão.

NEO-EXPRESSIONISMO
Modalidade artística resgatada a partir da década de 80, ao voltar a registrar os sentimentos através da arte. Foi fortemente influenciado pelo Expressionismo, Simbolismo e Surrealismo. Trouxe de volta a pintura e a escultura, com suas representações críticas, emocionais e subjetivas, após algumas décadas. Formulando o devir da arte em sua história universal. Os artistas costumavam utilizar tintas misturadas a materiais como areia, palha e outros, colados à tela.
A arte dos anos 90 e da virada do século reafirma as tendências supracitadas enveredando-se ainda mais na política e causas sociais, ambientais e econômicos. Mostra ainda a proliferação da arte performática, das instalações e suportes associados a gêneros híbridos e materiais variados.
http://www.uema.br/revista_emfoco/anaisfrancisca.htm
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